quarta-feira, 11 de maio de 2011

Lúdico Circo da Memória - a estréia se aproxima

Vésperas de estréias se assemelham: os trabalhos dos criadores começam a entrar em contato direto uns com os outros e é sempre preciso ajustar aqui, afinar ali, sintonizar acolá... Pouco mais de um mês para a estréia de Lúdico Circo da Memória. 
Ao passo que caminhamos rumo à estréia, o texto que ganha vida, adquire novos significados, como algo muito precioso guardado sendo desvelado no labor diário. E que lindo texto este do Luís Alberto de Abreu! Criado em processo colaborativo junto a um projeto do Grupo Galpão e agora em nova montagem conosco. 
Este dia-a-dia de trabalho tem  aberto uma proximidade e admiração imensa com o lirismo desta escrita e só agora entendo realmente o porquê este autor é aclamado como o maior dramaturgo vivo do Brasil. Dentre outras coisas, lá há quatro personagens presos às suas histórias dentro de uma cidade fria, surda. Eles se debatem perdidos rumo a um destino de fatalidades, tristezas. 
Não poucos momentos eu me senti tal qual estes personagens, praticamente amordaçado e sem saber como lidar e conviver com uma cidade que corre, corre, espezinha suas memórias, rejeita ou subestima seus idosos, crianças e os ditos inválidos. Ainda que as propagandas nos mostrem uma Vida Politicamente Correta, a Realidade nos Escancara a miséria humana, a intolerância, a desigualdade que massacra. Quantas vezes não me senti uma formiga diante das manobras hábeis dos políticos  espertos para eles mesmos... diante da percepção que nossa voz às vezes se "enrouquece"  num mar enlouquecedor. Não fossem as cirandas, as memórias, a fé, certamente  enlouqueceríamos com esta avalanche globalizada de vidas cada dia mais condicionadas.

Deve ser por estas e outras que meu coração se aproxima cada dia mais deste Circo de Memórias. 


São muitas as referências que nos alimentam na criação das cenas. Eu mesmo passei a conhecer um pouco da filosofia de Baruch de Espinosa, um filosofo do século XVII que trata da liberdade humana, da potência de vida e faz cair por terra os sistemas político-reliogiosos que se aproveitam da ignorância das pessoas para a continuação de um estado de dominação. Não é frase pronta dizer que parece que Espinosa, está escrevendo de algum lugar exatamente nos dias de hoje. 


... E tem também a inspiração em Chagall. Imagens, sonhos, memórias, dialogando com nossa caminhada na construção de um espetáculo.

Promenade - Marc Chagall - 1917-18

18 e 19 de junho, estaremos lá! 

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