sábado, 7 de maio de 2011

No Quintal do Anibal...

Graças à coragem de uma equipe de educadores, diretora, coordenadora, funcionários, já é possível encontrar uma paisagem, um clima diferente na EMEB Manoel Anibal, escola pública do município de Jundiaí. 
Para fugir deste modelo mais que ultrapassado e vigente que impera na educação atual, os seres humanos que trabalham lá, descobriram que não há outra coisa a fazer para que haja uma transformação da escola, a não ser mexer nos pontos de vista, nas relações das próprias pessoas que habitam aquele lugar. Cursos avançados com equipes incríveis? Materiais didáticos ultra-modernos? Nada disto importa muito neste processo de transformação, se os pilares que fundam uma escola, não são considerados DE VERDADE. E é por isto que graças ao capitaneio da diretora (que é também atriz do Teatro Ventoforte) a escola vive hoje um Projeto de Construção, de Desenvolvimento de Aprendizagem, chamado "Pedagogia do Quintal". Dentre outras partes que compõem este projeto, muitos dos que trabalham na escola vivenciam semanalmente oficinas de teatro e de música. Desta maneira, saímos um pouco da falácia repetitiva dos HTPCs para vivenciarmos com os corpos, em outros níveis que são paralelos às relações "reais". Não que os encontros para refletir, conversar, tenham sido excluídos do cotidiano da escola. Eles existem e são pontos chaves para exercitar os pensamentos!
Convivo lá dois dias na semana trabalhando com as oficinas de teatro. Confesso que tem sido uma experiência provocadora e muito nova para mim. Após sete anos como professor de uma rede de ensino, fugi de uma escola. Estava à beira de uma depressão forte, prometendo a mim mesmo que nunca colocaria meus pés dentro de uma escola para trabalhar novamente. Descumpri a promessa e lá estou à convite da Rita Rozeno, minha amiga, diretora da escola, guerreira, corajosa no leme desta embarcação toda. Além de mim, existem as Oficinas de Música com o Adhê Francisco e outras mais esporádicas, como a que aconteceu recentemente de "Contação de Histórias", com Kika Antunes. 
Sempre dá um frio na barriga esta aventura de dar uma oficina, de movimentar e provocar vivências. O frio se eleva quando não estamos num campo onde nem todos foram lá para realmente "ter esta oficina", onde o tal público alvo não foi ali inteiramente para este interesse. Há o período de estranhamento e é por isto que as oficinas estão abertas àqueles que desejam. 
Misturamos todos no grupo, educadores e funcionários. Brincamos, lidamos com a consciência dos corpos, tocamos no imaginário, provocamos situações lúdicas e o mais curioso é acompanhar esta experiência se integrando lentamente no cotidiano da escola: num canto de crianças brincando, passam dois adultos brincando de cego e de guia... uma roda em que brincamos de cantar e dançar é invadida por um pequenino batuqueiro... Fico às vezes tentando pensar o que imaginam as crianças ao verem os adultos rolarem, dançarem, rirem pelos corredores da escola. Talvez elas achem a coisa mais natural desta vida e que o não-natural seria o avesso disto: adultos sempre sisudos, correndo fatigados de lá para cá, que nunca brincam e mal se olham entre si.

2 comentários:

  1. Edu, BRAVO! Brava gente brasileira!!
    Fico muito muito feliz de fazer parte deste time que luta numa batalha permanente de transformação na educação deste nosso país. Estamos construindo uma história que será boa de contar, pois só de vivê-la já é... beijos

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  2. Du! Não cresça demais, mas sou sua fã.
    Só posso concordar com a querida Kika: bravíssimo! E como é bom poder ter ciência e participar desse universo tão singular que é o Aníbal... só posso agradecer a Deus por fazer parte dessa trupe e aprender e aprender...
    Sucesso (mais!!).
    Bjkas!

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