segunda-feira, 16 de maio de 2011

UM HOMEM SEM FÉ

Um Homem sem Fé neste Deus que está no além do nosso mundo, está com outro Deus, que não é temido, não mora num espaço extrínseco. Este Deus é o próprio mundo, a própria natureza e é criação infinita, que inclusive nos cria. Nós sim, Finitos, expressão da inteligência deste Deus.
Não há para este deus agenciadores! Assim como não há casa para ele, sua casa é Tudo e em todo canto é lugar para louvá-lo... e tudo é louvação...
Um Homem sem a Fé neste Deus Senhor Juiz, é um Homem que não quer salvar a ninguém, isto já seria se acreditar demasiadamente importante. Não há do que ser salvo, pois a vida é já e não uma espera para uma alegria num além-posterior. Aliás, este homem só quer alegria, alegria como fonte de existência, que ele conhece e sabe que é dela que seu corpo, seus pensamentos, seus afetos precisam estar em sintonia para se expressarem. Esta alegria é sua potência de vida e ela empobrecida é sinônimo de servidão. Significa que esta impotência, esta incapacidade ser alegre, o torna vulnerável às demandas de um mundo fora dele. Ele é vítima de tudo e de todos, uma onda que se movimenta à partir dos inesperados e incontroláveis impulsos dos ventos que vem de fora. 
Um Homem sem esta Fé conhece Deus e sabe da capacidade hábil das manipulações dirigidas às massas. Sabe que a corrente que manipula as crenças, não são diferentes das que manipulam todas as esferas da vida e que  são fundamentais para manter a miséria de tantos alimentando o luxo de poucos. 
Um Homem sem esta Fé não pode estar à mercê de reconhecimentos, precisará conviver com as dores e saber que seus encontros de luz podem não interessar aos outros e ainda assim,  continuarem fundamentais a ele. Importa muito a ele a criação do seu mundo singular.
Um Homem sem esta Fé está em si em permanente Devir, em abandono constante das superstições, de um passado que aprisiona e se cristaliza como unica verdade.

1914, Over Vitebsk, Marc Chagall

E ele dança e está com Deus o tempo TODO.
É um homem artista.

(das escritas à partir de leituras de Espinosa, do que ouvi do Fuganti, dos ensaios do Lúdico Circo...)

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