segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

ESTADOS DA ÁGUA

Deixa-me esvaziar o mar esta noite
Trago garrafas e copos
mas a grande parte d’água
tirarei com as mãos
Jogo, com testemunhas notívagas,
Gota a gota,
E por vezes,
Lambendo o sal,
Que é para ter fé e força nesta jornada

Deixa-me esvaziar o mar esta noite...
Não... já nem te peço
Por certo tua resposta seria navegar
Surfar
Mergulhar
Conhecer alguma espécie rara destas tantas que nadam aqui
Me entregarias remos caros,
Barcos artesanais, destas madeiras que acho tão bonitas...
Tudo para turvar minha vista diante da noite e do pacto que tenho com ela

Desviem os olhos dos meus e voltem a cear,
Saio sem estardalhaço pela porta mais quieta que houver
A água me chama,
O trabalho é árduo
Olhem por algum vitral os pingos dançando pelo ar
Migrando desta terra infeliz.
Assistam ao espetáculo aquático
Estas águas não voltarão... e o que serão destas margens?
eu,
Se sobreviver,
Corro debatendo-me sem ar,
Em busca de qualquer riacho,
Córrego,
Poça,
Qualquer espelho d’água
Filho de tanto jorro.

De outra forma,
Não quero, nem posso mais pensar neste oceano
ele me mata todas as vezes que eu o olho nu
sem anunciar sequer um invento

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